quinta-feira, 14 de maio de 2015

FILHO!





Herberto Helder,
Octavio Paz nos alertou,
que a poesia é alimentada pelo tédio,
pela angustia, pelo desespero


No forte corpo do cavalo,
na delicada pele da mulher,
do arroz e do pêssego,
penduro as roupas e os símbolos
que acumulei;acho que choro,
que cato os navios de meus cabelos
no chão de Orion,
no assoalho da sala


Perguntei para o meu filho,
se ele ia gostar se eu amanhece morto,
ele respondeu "não",
e continuou fumando
seus amados cigarros assassinos


Nada agradável se ver triste,
estar numa situação triste,
não ter os ouvidos de meu filho


Herberto,
empresta-me um pouco do gás
de tuas bilhas,
preciso morrer para esse agora,
engolir a bebida do esquecimento,

estraçalhar essa página

Tolos são os que remam
nas ruas dos que ostentam,
"o tempo é nada,
o tempo é pó na estrada da evolução",
filho!


( edu planchêz )

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